quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Sedentarismo é coisa do passado

O excesso de afazeres e o conforto da vida moderna ajudam a abandonar os exercícios. Para o seu próprio bem, não faça isso!

por Karina Fusco



Por todos os lados ouve-se falar dos males que o sedentarismo pode trazer à saúde. Em uma consulta médica, no trabalho e até com os vizinhos e amigos sempre tem alguém defendendo a necessidade de praticar algum exercício. O sedentarismo é caracterizado pela ausência ou a grande diminuição de atividade física na vida das pessoas. Isso não se refere apenas a quem não pratica nenhuma modalidade de exercício físico, mas também àqueles que gastam pouquíssimas calorias com atividades ocupacionais.

Ou seja, pega o carro para ir à padaria na esquina; no trabalho não abre mão do elevador até para subir ou descer apenas um andar; senta no sofá para assistir à televisão e dali não levanta até a hora de ir para a cama... porque tem o controle remoto na mão; já deixa o telefone sem fio a seu lado para não precisar levantar quando ele tocar. Para exorcizar esta que já é considerada uma das doenças do milênio é preciso mudar de comportamento: abrir mão de um pouco do conforto, arregaçar as mangas e ir à luta. Quase literalmente: todo movimento é um tipo de luta contra a preguiça.

"Caminhar, pedalar, nadar, fazer musculação com pesos e até jogar futebol colaboram para combater o mal"


De acordo com o cardiologista José Kawazoe Lazzoli, especialista em Medicina do Esporte pela Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBME), para perder o rótulo de sedentário é preciso praticar alguma modalidade pelo menos três vezes por semana, durante 20 minutos a cada vez. “O que define que uma pessoa se divorcie desse grupo é a regularidade na prática de exercícios”, afirma.

Deixe de lado a lei do menor esforço
Especialistas de centros de estudos americanos dizem que é necessário eliminar, no mínimo, 2.200 calorias por semana em atividades físicas para deixar de ser um indivíduo sedentário. Se a ordem é gastar energia, existem muitas alternativas. “Caminhar, pedalar, nadar, fazer ginástica e musculação com pesos e até o velho futebol são propostas válidas para combater esse mal e melhorar a qualidade de vida, de acordo com as possibilidades ou conveniências de cada um”, aponta Junior Brandão, professor da Academia Bio Ritmo Interlagos, de São Paulo.

Segundo ele, independente da idade, é preciso considerar a satisfação de cada pessoa em relação ao movimento. Isso, na prática, significa fazer algo que traga prazer e que não seja um tormento. “O American College of Sports Medicine (ACSM) propõe que o ideal para se obter um condicionamento físico razoável é praticar uma modalidade no mínimo três vezes por semana”, diz.

As conseqüências de uma vida estática
A (quase) imobilidade traz diversas conseqüências ao funcionamento do organismo. Entre os problemas associados a uma vida estática estão a obesidade e, além dela, doenças como diabetes, hipertensão arterial e aumento do colesterol.

O cardiologista José Kawazoe Lazzoli explica que essa realidade da vida moderna reduz a capacidade funcional, ou seja, a pessoa perde parte da habilidade de desempenhar as tarefas do dia-a-dia que envolvam qualquer grau de atividade física.

Além disso, também predispõe a pessoa a diversas doenças, tanto cardiovasculares, metabólicas, pulmonares quanto alguns tipos de câncer”, alerta.

Para exercícios moderados, como a caminhada, dificilmente o médico vai impor restrições, mas no caso de atividades mais intensas, como a corrida ou a natação, o sinal verde para deixar o sedentarismo no passado deve partir do especialista, que geralmente leva em consideração exames clínicos, laboratoriais e o teste ergométrico. Segundo o cardiologista, o ideal é submeter-se a uma avaliação clínica, com um especialista em Medicina do Esporte, antes de dar o primeiro passo.

Dá para mudar no dia-a-dia
Se você não estiver estimulada a entrar numa academia, isso não é desculpa para continuar levando uma vida sedentária. Veja as atitudes que podem ser tomadas:

• Sempre que precisar subir ou descer poucos andares, deixe o elevador de lado e utilize a escada;
• No shopping, também dê preferência aos degraus para subir e descer em vez de optar por escadas rolantes e elevadores;
• Não hesite em deixar o carro na garagem e vá a pé ao supermercado, à padaria e ao açougue, que são próximos de casa;
• Se a escola de seu filho está nas proximidades da sua casa, saia um pouco mais cedo e vá levá-lo e buscá-lo a pé;
• Estacione o carro um pouco mais longe de onde você vai e aproveite para fazer uma pequena caminhada a pé até o seu destino;
• Em casa, fique longe do controle remoto e toda vez que quiser mudar o canal da televisão caminhe até ela.


“Isso aumenta a segurança da prática esportiva e fornece subsídios para a prescrição dos exercícios”, afirma. Quando a pessoa está acima do peso, o acompanhamento de um especialista é ainda mais importante. “Para quem apresenta o peso maior do que o correto é indispensável a consulta prévia com um médico, para que ele aponte possíveis restrições à atividade física”, asssegura o professor Junior Brandão, da Bio Ritmo.

Mudanças perceptíveis a curto prazo
Basta levar a sério o objetivo de se exercitar que em pouco tempo o organismo vai mostrar as mudanças. Segundo o médico José Lazzoli, fisiologicamente há uma série de adaptações do organismo de quem passa a fazer uma atividade física. “O ponto-chave é a regularidade”, ressalta. Ele explica o que ocorre na área cardiovascular, por exemplo.

Nenhum comentário: